50% das exportações para China, UE e Argentina sofreram com barreiras
Itajaí, Gaspar e Navegantes estão entre os municípios com resultados positivos, favorecidos por venda de matérias-primas
Em um momento de retomada das exportações em Santa Catarina, os municípios do Vale do Itajaí demonstraram um desempenho irregular de janeiro a novembro deste ano nos embarques para o exterior. Se por um lado Itajaí, Navegantes e Gaspar conquistaram resultado positivo, Blumenau, Brusque e Rio do Sul registraram queda no período.
Entre os destaques positivos, o crescimento da demanda internacional por matérias-primas e a desvalorização do real frente ao dólar favoreceram o crescimento. Conforme levantamento realizado pelo Observatório da Indústria Catarinense, da Fiesc, Itajaí teve alta de 58,40% nos primeiros onze meses do ano, com embarques de US$ 2,6 bilhões, resultado da movimentação do porto. Principal porta de saída de Santa Catarina, o município deve o resultado ao aumento nas vendas de carne de aves (74%), suína (23,83%) e conservas de carne (30,61%). Com desempenho fortemente atrelado à agroindústria catarinense, o resultado é resultado do bom momento pelo qual passa o setor no mercado internacional. As vendas para o exterior de coque de petróleo também tiveram uma influência significativa, com alta de 787,76%.
Em Gaspar, as vendas de soja, farelo de soja, milho e derivados como a margarina e o óleo de soja puxaram o desempenho. Sede da Bunge no Estado, o município não apresentava esses itens na pauta de exportação em 2017, conforme o Observatório. Com a entrada dos produtos, as exportações totais foram impactadas, com um crescimento de 1.253,6%.
– Em Gaspar, o efeito da Bunge, isoladamente, explica o crescimento da atividade. E o porto de Itajaí reflete o bom momento do Oeste do Estado – diz Ulrich Kuhn, vice-presidente da Fiesc no Vale do Itajaí.
Em Navegantes, segundo levantamento do Observatório, as vendas para o exterior de frigoríficos tiveram o melhor desempenho da pauta exportadora, com alta de 67,67% na comparação com o ano passado. No total, os embarques do município oscilaram apenas 0,12% para cima em relação aos onze primeiros meses de 2017.
Neste ano, Santa Catarina teve um crescimento de 14% nas exportações de frango em novembro e de 33% nos embarques de suínos, considerando o faturamento em relação ao mesmo mês de 2017. As aves renderam US$ 161 milhões e os suínos, US$ 58 milhões.
Para Bruno Meurer de Souza, professor de Comércio Exterior da Univali, o Vale do Itajaí, assim como o Estado, vive um momento de recuperação no mercado internacional. Depois de quedas, as empresas vêm retomando os embarques gradativamente desde 2016.
– Esse crescimento é uma continuidade do que vem ocorrendo há dois anos, com o reaquecimento do consumo internacional. Agora, temos também a desvalorização do real frente às moedas estrangeiras – diz o professor.
De acordo com ele, a moeda brasileira está hoje R$ 0,40 mais barata em relação ao dólar do que há um ano. A variação torna a mercadoria nacional mais competitiva.
– No setor de carnes vermelhas, por exemplo, o Brasil compete com a Austrália. Hoje, está mais competitivo porque o real se tornou uma moeda mais barata – diz.
Blumenau acumula queda de 18,2% no período
Se por um lado a venda de matérias-primas vai bem, o mesmo não ocorre no setor de manufaturados. A exportação de produtos industrializados, como máquinas e itens de confecções e vestuário, é a que mais sofreu de janeiro a novembro nos municípios do Vale do Itajaí.
Em Blumenau, o resultado foi de queda de 18,20% no período. Roupas de cama e cozinha encolheram 21,20%, por exemplo. Em Brusque, o resultado global foi de retração de 10,60%. Vendas de tecidos de malha do município para o mercado internacional diminuíram 38,31%.
Mas nem tudo foi queda. As exportações de partes e acessórios para veículos, por exemplo, cresceram 25% de janeiro a novembro em Blumenau.
A Altona, com sede na cidade, sentiu o reaquecimento da demanda no mercado internacional. Para Cacídio Girardi, presidente da empresa, o segmento de veículos pesados apresentou crescimento, principalmente no mercado dos Estados Unidos.
– Vendemos muito para a indústria de tratores e máquinas pesadas, principalmente voltadas para as obras de infraestrutura e mineração – diz Girardi.
Além da retomada da atividade econômica nos Estados Unidos, o presidente diz que o câmbio ajudou nos negócios da companhia. As exportações representam 45% do faturamento da Altona e ajudaram a empresa a ter um bom ano. Nos últimos oito meses, foram contratadas 200 novos funcionários, afirma o presidente.
Para Ulrich Kuhn, da Fiesc, as cidades com forte presença da indústria têxtil ainda têm dificuldade para concorrer no mercado internacional. Desde a entrada da China nesse segmento e também com o Paquistão e Turquia, as exportações de cama, mesa e banho ficaram prejudicadas.
– O mundo lá fora ficou mais barato. Hoje você tem as empresas do Vale do Itajaí comprando itens prontos que subistiuem a produção local – avalia.
O professor Bruno Souza, da Univali, enxerga o fenômeno da terceirização da produção como uma realidade no mercado internacional. O investimento em marketing é uma das alternativas para quem deseja sobreviver.
– A empresas precisam investir em marcas fortes – diz
Fonte: https://www.nsctotal.com.br/noticias/exportacoes-de-aves-carne-suina-e-soja-lideram-embarques-no-vale-do-itajai